Parangolés de múltiplos efeitos

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A aparente estranheza que de início causa desconforto é a mesma que aos poucos seduz e nos convida para uma deliciosa viagem lisérgica. Curiosamente, me veio a cabeça o trabalho de Hélio Oiticica traduzido em som. São texturas e colagens produzindo um efeito inebriante onde a mistura de influências bem traduz o que se tornou os novos tempos da música. Hoje não mais nos deixamos levar por estilos. Nos tornamos frutos de uma grande feira em que se encontra inúmeras referências e sabores. Então, o que esperar de uma banda que transpira modernidade, mas que não renega o passado recente. Inovação.

Queria eu poder dizer que o som chegará aos seus ouvidos sem gerar nenhum incômodo em doses homeopáticas do mais puro prazer. Dessa forma, os menos “calejados” ouvidos estariam dispostos de imediato escutar. Entretanto, prefiro acreditar naquilo que se esgota, que finda e não se mostra duradouro diante de um engessado formato, pois assim, somos capazes de subverter e transgredir. Assim, fórmulas sempre me cansam. Quebrar paradigmas  e construir. novos caminhos, é necessário. Essa proposta bem se encaixa ao som da banda carioca o Branco e o Índio que traz em seu próprio nome o amplo sentido da palavra permissão.

Dissonâncias e inversões caracterizam o som do álbum Plantas Renováveis. Tantas são as variáveis que vocês encontrarão ao longo das doze faixas. Música brasileira dos anos setenta se funde com rock e experimentações diversas. Catarse, histeria e caos é o que se ouve em “Releitura” onde o som é levado ao seu limite máximo de entrega. Paradoxalmente, “Super 81” chega doce, sensível e carinhosa. Os mais chegados em leveza irão aqui se encontrar e a receberão de braços abertos.

É fato que nem tudo é óbvio e objetivo, quando se trata de O Branco e O índio, ainda bem. Alguém aí falou em rock ? “Orelha Negra” é para abrir a pista, dançar e curtir a onda. Calma, não leve ao pé da letra e nem se vista do conservadorismo vigente, apenas curta o que ela tem de melhor a oferecer, o ritmo, a levada marcante. “Nonato” diz tudo, apesar de calado estar. “Nonato” é hit, É flick. É show. É pop suprassumo. – acho que assim se escreve – Aqui o dito popular “poucas palavras bastam” muito se aplica.

Quem se coloca à disposição de não cair no lugar comum merece todos os nossos aplausos. Ganha com isso a arte e aqueles que desejam descobrir a cada nova audição mais e mais detalhes. Por que não dizer variações de um mesmo tema. Afinal, o multifacetado som da banda, assim nos permite apreciar. Ah, se você acha que já acabou, aguarde os segundos finais e será surpreendido com um inusitado convite para decorar a sua casa com Plantas Renováveis, barulhinhos e afins. Sim, melhor forma de terminar esse disco não poderia existir.

Ah, já estava esquecendo. Compartilhe o Post com seus amigos ! Afinal, isso é o mínimo que se espera de quem curte e valoriza a arte.

O Branco e o Indio
art-rock-pop-experimental-psicodélico

Flavio Abbes – voz e guitarra
Bruno Rezende – voz e guitarra
Roberto Souza – baixo
Pedro Serra – bateria

CD Plantas Renováveis

01 – Golden Gol (0:00)
02 – Transferência das Plantas Renováveis (03:44)
03 – Releitura das Plantas Renováveis (07:02)
04 – Super 8 81 (12:14)
05 – Orelha Negra (15:56)
06 – Nonato (19:07)
07 – Inventado (24:50)
08 – Espaço Escasso (29:31)
09 – Só (33:29)
10 – Aumentado (35:22)
11 – Intransferível (39:10)
12 – Sol em Estéreo (43:06)

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Para ouvir:

Spotify: https://open.spotify.com/album/1BRlXh…
Deezer: https://www.deezer.com/us/album/76770032

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